quarta-feira, 25 de março de 2015

Exaltação-Negação/Barganha-Luto-Fortalecimento

Quem que já não se sentiu o máximo? Que se imaginou sendo capaz de fazer tudo? Tendo as mais variadas soluções? E quem não encarou a realidade de perto quebrando todas essas expectativas? Pois bem... tem uma música que, na minha opinião, representa tudo isso de forma muito simples... "João e Maria de Chico Buarque de Holanda e Nara Leão"

Quem tiver uns 5 minutos para ouvir vale a pena, pois vou fazer uma reflexão ao final... Aproveitem também a animação do canal "O tempo não volta. Nem quem se foi" que está bem bacana. rsrsrs

Aqui vai a letra com as reflexões e interpretações sobre a música:

"Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você além das outras três"
Análise: Essa parte da música representa a exaltação do "EU", como alguém especial, que se destaca, e que, apesar de gostar de alguém, desconsidera o valor dessa pessoa ao colocá-la no patamar de mais outras três. O sujeito se sente muito especial para ter somente um ser interessado nele... Em outras palavras... Tá se achando.

"Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava o rock para as matinês
Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigado a ser feliz"
Análise: Continua o processo de elevação do poder do EU, como um ser capaz de tudo, e com a solução para os problemas do mundo. Todos complicam.. Precisam de alguém magnânimo como ele para resolver os conflitos.

"E você era a princesa que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país"
Análise: Agora o EU eleva o ser amado. Se coloca no mesmo patamar do outro. Algo aconteceu para tanto... Será que pressentiu risco de perda ao esnobar tanto o outro?"

"Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido
Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido"
Análise: A suspeita se confirma... O outro já não o quer. Há o contato com a insegurança,  com a limitação, com a pequenez, com a dependência do carinho e da atenção. O EU vai para o outro extremo. Já não é mais onipotente. Agora se submete ao ser amado, faz tudo para mantê-lo perto, mesmo que isso signifique se rebaixar. Aqui o EU nega a situação, não quer enxergar a realidade de perda. Barganha o amor.

"Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim?"
Análise: Aqui ocorre o contato com a tristeza total, com o desamparo, com o desnorteamento. Acontece o luto. Tudo se desmorona. 
Para fechar: Encarar o sofrimento fortalece o EU. Olhar no fundo dos olhos medonhos do vazio, do desprezo, não é algo fácil e muito menos estimulado em nossa sociedade que vende a ideia da busca pela felicidade e prazeres contínuos, eternos. Mas mascarar, tampar e esconder a dor nunca será solução... Somente uma forma de "empurrar com a barriga" situações que possivelmente voltarão a atormentar, até que o ciclo se feche: Exaltação-Negação/Barganha-Luto-Fortalecimento!

7 comentários:

  1. te indiquei em uma Tag lá no blog, se ainda não tiver feito aquela, espero que goste e faça. Abraços,

    www.vivendosentimentos.com.br

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  2. Adorei! Essa música é linda, e quase impossível não conhecê-la, né? O fato de você ter analisado cada trecho foi ótimo, particularmente nunca tinha pensado por esse lado.

    Beijos ♥
    www.destemidagarota.com

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  3. Você descreveu bem as fases de um fim de relacionamento. :T
    as primeiras são horríveis, gosto nem de lembrar

    beijo
    beinghellz.blogspot.com

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  4. Você descreveu bem as fases de um fim de relacionamento. :T
    as primeiras são horríveis, gosto nem de lembrar

    beijo
    beinghellz.blogspot.com

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  5. Obrigada!!!
    Vou dar um pulo no seu blog sim!
    bjs

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  6. Boa análise, Chico Buarque é excelente!<3

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